Arrancou a reformulação museológica do Pavilhão Robillion do Palácio Nacional de Queluz

28 jan. 2025

A partir das conclusões que resultaram do estudo dos inventários e de outra documentação de finais do século XVIII e do início do XIX, a Parques de Sintra deu início à reformulação do discurso expositivo do Pavilhão Robillion do Palácio Nacional de Queluz, que vai abranger um total de nove salas e que decorrerá de forma faseada. O principal objetivo do projeto é proporcionar aos visitantes uma melhor contextualização e interpretação deste espaço que albergou sucessivamente os aposentos de D. Pedro III e de D. Maria I; de D. João VI, enquanto regente e rei; e, por períodos mais curtos, de D. Miguel I e de D. Pedro IV.

 

A implementação deste projeto levará a alterações na denominação de várias salas que vão retomar as suas designações originais, permitindo uma melhor compreensão das suas funções. Com a passagem do tempo, esta memória foi-se perdendo, mas será, agora, resgatada. Concomitantemente, algumas peças do acervo serão relocalizadas e outras regressarão aos seus locais primitivos.

 

Numa primeira fase, as mudanças mais significativas serão na Sala do Despacho que irá recuperar a designação de Sala de Espera, onde aguardava quem era recebido pelo rei. Consequentemente, a mesa-secretária que estava neste compartimento passará para o espaço até agora identificado como Quarto de D. Carlota Joaquina, mas que, na realidade, foi a Sala do Despacho de D. João VI e de D. Miguel. Sabemos hoje que esta zona do Palácio nunca foi ocupada por D. Carlota Joaquina. Na verdade, os seus aposentos ficavam no desaparecido piso superior e, nos últimos anos de vida, nos espaços compreendidos entre a Sala do Trono e a Sala da Caça, cuja museografia será, futuramente, revista de maneira a evocar a presença e as vivências da rainha.

 

A Sala das Açafatas também irá retomar a denominação original de Sala da Loiça. A análise dos inventários da época permitiu apurar que ali se guardavam vários serviços de chá e de jantar de origem oriental (China) e europeia (Meissen, Alemanha), parte dos quais eram utilizados na vizinha Sala de Jantar, atualmente designada Sala das Merendas.

 

A Sala dos Embaixadores voltará a chamar-se Sala das Talhas. Os potes em porcelana da China (talhas, na designação antiga) dão o nome a este espaço, que foi utilizado por D. João VI, enquanto Príncipe Regente, em audiências com diplomatas e, anteriormente, em eventos musicais.

 

Outras alterações de maior vulto irão decorrer a partir do segundo semestre, nomeadamente, na Sala D. Quixote, na antecâmara contígua e no oratório destes aposentos. A Sala D. Quixote será reformulada e passará a exibir uma reconstituição do leito de D. Pedro IV, com base na iconografia subsistente. Também o oratório será reconstituído a partir das descrições presentes nos inventários históricos e da única fotografia antiga que dele se conhece, datada de 1905. Regressarão a este pequeno compartimento várias pinturas que ali foram colocadas para D. João VI, como a Nossa Senhora da Conceição, pintada no Brasil por J. B. Debret, que acompanhou o rei no seu regresso a Portugal, em 1821.

 

Finalmente, a Sala do Toucador também será objeto de algumas mudanças, de forma a refletir as suas funções ao longo do tempo. Concebida como sala de vestir para D. Pedro III e D. Maria I, serviu mais tarde de quarto de dormir a D. João VI e D. Miguel.

 

Prevê-se que a reformulação do discurso expositivo do Pavilhão Robillion se prolongue até finais de 2025, inícios de 2026.

LD 4971