Restauro da Capela Real do Palácio Nacional de Queluz – O regresso do órgão de tubos
O projeto de conservação e restauro integral da Capela Real do Palácio Nacional de Queluz abrange uma multiplicidade de técnicas, que visam dotar este espaço de condições para uma melhor fruição do espaço e ainda reintegrar o órgão de tubos do século XVIII, que volta ao local original ao fim de mais de 100 anos.
Este instrumento, construído por Machado e Cerveira, está também a ser restaurado. Pensa-se que pertencia ao Palácio da Bemposta e que terá vindo para Queluz em 1778. Instalado no Coro Alto da Capela, ali permaneceu até 1916, ano em foi desmontado na totalidade. Apenas a sua frontaria foi recolocada no lado direito do Coro Alto, mas mesmo essa parte do instrumento foi removida em 1988, ficando a Capela sem vestígios do órgão até à atualidade.
A instalação deste instrumento – que possui um total de 2428 tubos - requer a criação do espaço destinado a albergar toda a mecânica sonora, implicando a renovação da copa de apoio a eventos, localizada no piso inferior da Capela.
A Capela Real é uma das divisões mais antigas do Palácio Nacional de Queluz e sendo um espaço físico de contemplação e de religiosidade própria da época, nela tinham lugar as pequenas cerimónias reais e as missas privadas da Família Real. Foi concebida pelo arquiteto Mateus Vicente de Oliveira, no século XVIII, e corporiza os traços característicos do seu autor: as cores, a luz, o emprego da cúpula num espaço tão exíguo (elemento sempre presente nas construções religiosas que projetou) e as formas.
O retábulo da capela-mor representa Nossa Senhora da Conceição, padroeira de Queluz, e é da autoria de André Gonçalves, enquanto os painéis dos altares laterais, alusivos a São Francisco de Paula e à prisão de São Pedro e São Paulo, foram pintados por Pedro Alexandrino.
Neste projeto, todos os revestimentos decorativos serão conservados e restaurados. Os trabalhos contemplam ainda os espaços contíguos − a Sacristia, as salas adjacentes, as zonas privadas do piso superior e as áreas de ligação entre os dois pisos − com o objetivo de restituí-los à fruição do visitante melhorando a experiência de visita do Palácio.
Trabalhos desenvolvidos ao longo do projeto:
- Tratamentos estruturais (interior e extradorso dos tetos)
- Recuperação e tratamento dos revestimentos decorativos:
Painéis de madeira policromada
Painéis de madeira revestidos a tela policromada
Talha dourada
Azulejos
Pintura figurativa sobre tela
- Recuperação de vãos interiores e exteriores
- Tratamento de elementos metálicos
- Tratamento de materiais pétreos – pavimento, pias de água benta e lavabo da Sacristia
- Tratamento dos pavimentos de madeira
- Trabalhos de arquitetura e construção civil na Capela-Mor e Coro Alto, na Sala do Órgão, na Sala dos Foles e na Copa de Eventos para a integração do órgão de tubos.