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Projeto de organização da reserva de azulejos do Palácio Nacional de Queluz ultrapassa as 15 mil unidades

25 ago. 2023

No Palácio Nacional de Queluz, o projeto de organização da reserva de azulejos ultrapassou a marca das 15 mil unidades. Atualmente, conta com 15 389 azulejos, acrescidos de fragmentos, cuja datação vai desde o século XVI ao século XX, muito embora as peças anteriores ao século XVIII sejam casos isolados e muito pontuais.

 

Os trabalhos arrancaram em 2014 com a transferência dos azulejos que estavam depositados nos espaços hoje ocupados pela cafetaria e pelo auditório para 321 contentores que foram, provisoriamente, armazenados noutro local. Ao longo dos últimos nove anos, os azulejos têm sido objeto de um trabalho sistemático que consiste em retirar argamassas, limpar vidrados e efetuar colagens. Posteriormente são fotografados e acondicionados em embalagens de polipropileno. Para cada caixa, é criada uma ficha, de forma a permitir a fácil identificação do seu conteúdo. Hoje, a reserva tem um total de 1017 embalagens.

 

O projeto que a Parques de Sintra tem levado a cabo visa a valorização e a preservação deste vasto património azulejar, assegurando melhores condições de conservação preventiva das peças em causa, nomeadamente no que se refere ao seu acondicionamento, com vista a impedir danos. Por outro lado, a criação das fichas e a fotografia individual agilizam a identificação das peças e garantem maior rigor, facilitando futuros trabalhos de investigação, que, porventura, possam dar respostas às muitas interrogações que esta coleção suscita.

 

Desde logo, não há certezas quanto à proveniência de todos os azulejos. A maioria vem, seguramente, do Palácio Nacional de Queluz e dos seus jardins, mas já foram identificadas peças pertencentes à antiga quinta de Nossa Senhora da Nazaré, em Lisboa, que foi demolida para dar lugar ao Hospital de Santa Maria. Há indícios de painéis de grandes dimensões, com motivos orientais e paisagens rurais; de azulejos de canto; de cortes que foram feitos em azulejos para adequação aos espaços; e há, inclusive, azulejos mais antigos do que o próprio Palácio.

 

Quando a organização desta coleção de azulejos em reserva estiver terminada, será possível avançar para o seu estudo aprofundado, e não só. Uma vez identificados e tratados, os azulejos poderão ser utilizados em trabalhos de conservação e restauro, como já aconteceu nos jardins do Palácio, onde foram usadas algumas peças provenientes das reservas para colmatar lacunas em painéis; algo que não seria possível sem este projeto, que, até à data, envolveu cerca de 40 pessoas, entre profissionais da empresa, alunos do programa “Cuidar de Coleções” e voluntários.

 

A relevância desta iniciativa da Parques de Sintra, em paralelo com trabalhos do mesmo âmbito nos Palácios Nacionais de Sintra e da Pena, foi distinguida com uma menção honrosa na edição de 2014 dos prémios “SOS Azulejo”.

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