Parques de Sintra reabilita envolvente da ETAR do Parque de Monserrate com técnicas de engenharia natural
11 nov. 2024
No Parque de Monserrate, está em fase de conclusão o projeto de reabilitação da envolvente da ETAR (Estação de Tratamento de Águas Residuais) implantada junto ao limite norte de propriedade. A intervenção consistiu na estabilização de taludes com recurso a técnicas de engenharia natural, que já tinham sido utilizadas na modelação do terreno para a construção das lagoas da ETAR entre 2007 e 2008.
Devido a sinais de instabilidade observados num troço dos taludes, foi necessário proceder a trabalhos de estabilização, que abrangeram uma área de cerca de 500 m2, para evitar o deslizamento de terras e assegurar o bom funcionamento da ETAR. Para tal, e de acordo com as necessidades verificadas em cada área, optou-se ora pela construção de um muro de suporte vivo com parede dupla, ora pela instalação de uma paliçada conjugada com uma grade viva. Estas estruturas elaboradas em madeira e outros materiais orgânicos são preenchidas com terra para permitir a integração de vegetação.
Na última fase do projeto, foram plantados nos taludes cerca de 600 exemplares das espécies Myrtus communis, Phillyrea angustifólia, Pistacia lentiscus, Prunus spinosa, Rhamnus alaternos. Estas plantas foram escolhidas porque, sendo nativas de Portugal, vão desenvolver-se rapidamente e aprofundar as suas raízes, contribuindo para a fixação e estabilização dos solos, para além de proporcionarem a renaturalização da área que foi objeto de intervenção. A vegetação exerce um papel fundamental sobre o solo, protegendo-o quer da ação de agentes externos (como precipitação, vento e temperatura), quer internos (como instabilidade, encharcamento, falta de coesão, entre outros).
As plantações serão complementadas com uma hidrossementeira, que consiste na projeção hidráulica de uma mistura de água, sementes e outros aditivos, com a função de estimular o estabelecimento da vegetação, bem como proteger e melhorar as características mecânicas e biológicas do solo. É projetada sobre a superfície a intervir através de um sistema de mangueiras, recorrendo a um equipamento mecânico apropriado (hidrossemeador).
Os trabalhos incluíram, ainda, a instalação de uma vedação no limite da propriedade, a sul das bacias pertencentes à ETAR, que visa impedir a entrada de javalis.
O projeto teve a duração aproximada de 3 meses e representou um investimento de cerca de 44 mil euros.
Sobre a engenharia natural
A engenharia natural conjuga os princípios da engenharia hidráulica e da geotecnia com conceitos biológicos e ecológicos, na aplicação de medidas de proteção para controlo de processos erosivos superficiais, estabilização geotécnica de taludes e estabilização hidráulica de cursos de água.
Combinando materiais vivos (plantas, sementes, partes de plantas, etc.) com materiais inertes (pedra, madeira, solo, etc.), a engenharia natural emprega um conjunto de técnicas de baixo impacto ambiental para solucionar e/ou mitigar processos erosivos, o que permite preservar as funções ecológicas, estéticas e paisagísticas dos locais de intervenção.