Parques de Sintra intervém na nova Sala das Rainhas do Palácio Nacional de Sintra e prepara projeto museográfico
23 out. 2024
No Palácio Nacional de Sintra, arrancaram os trabalhos de conservação e restauro nas paredes da antiga Sala Chinesa, que passará a chamar-se Sala das Rainhas e terá uma nova museografia. Nas sondagens efetuadas previamente, sob camadas de tinta branca, verificou-se a existência de um estanhado de cal num tom de amarelo claro/bege, com um soco acastanhado na base, que, a julgar pelos espaços adjacentes, poderá datar de finais do século XIX. O objetivo desta intervenção é levantar as camadas superiores de tinta, para deixar à vista o estanhado de cal que foi encontrado.
Antes dos trabalhos nas paredes, procedeu-se à limpeza, fixação e reintegração cromática da pintura em marmoreado do teto, bem como à revisão do pavimento em tijoleira, através do tapamento de juntas e da colmatação de lacunas com recurso a uma massa preparada com pó de tijolo.
Estima-se que a presente intervenção tenha uma duração de cerca de dois meses, ao longo dos quais a sala permanecerá visitável, em linha com a política “Aberto para Obras” da Parques de Sintra.
Estas ações de conservação e restauro, que também vão incluir a recuperação dos vãos de portas e janelas, visam a beneficiação geral do espaço e surgem no âmbito do novo projeto museográfico que está a ser desenvolvido para esta sala.
De Sala do Pagode a Sala das Rainhas
Este compartimento surge mencionado na documentação histórica como “Sala dos Marfins”, ou “Sala do Pagode”, por lá se encontrar, desde os meados do século XIX, um pagode de marfim que antes estivera no Palácio do Ramalhão e que pertencera à rainha D. Carlota Joaquina (hoje, no Palácio Nacional de Queluz).
Na década de 1940, um projeto de museografia, a cargo do arquiteto Raul Lino, procurou contextualizar o pagode chinês, integrando, na mesma sala, objetos chineses ou que, de alguma forma, evocassem uma imagem da China. Foi nessa altura que o espaço adquiriu a designação de Sala da China ou Sala Chinesa.
No entanto, o projeto de investigação “O Paço da Rainhas”, que tem vindo a ser desenvolvido pela Parques de Sintra no Palácio Nacional de Sintra, permitiu apurar que, muito antes da intervenção dos anos 40 do século passado, a sala não só integrou os aposentos dedicados ao rei D. Afonso VI, quando ali viveu encarcerado, como também fez parte dos aposentos das rainhas de Portugal durante os períodos tardo-medieval e moderno.
Em face destas conclusões, a Parques de Sintra optou por resgatar a memória, quase apagada, desses espaços enquanto aposentos das rainhas. Neste momento, estão em preparação novos conteúdos museográficos para a antiga Sala Chinesa, que passará a designar-se Sala das Rainhas. A nova museografia dará particular destaque às monarcas que tiveram uma forte ligação a Sintra, bem como à utilização de todo o piso como aposento, em detrimento da atual leitura fragmentada dos espaços.