Parques de Sintra recupera revestimentos interiores e coberturas da Escada das Cabaças e da Sala de Fumo do Palácio Nacional da Pena
27 jul. 2022
No Palácio Nacional da Pena, já arrancaram os trabalhos de conservação e restauro dos revestimentos interiores e das coberturas da Escada das Cabaças e da Sala de Fumo, espaços encimados pelas icónicas cúpulas, cujo tom dourado se destaca na arquitetura do monumento. A intervenção, com a duração estimada de seis meses, contempla ações de manutenção e de estabilização do revestimento azulejar destas cúpulas, muito expostas a condições atmosféricas adversas, que incluem a limpeza cuidada das superfícies vidradas e a revisão de juntas para evitar infiltrações no interior dos espaços. Prevê-se, igualmente, a recuperação de caleiras e de outros elementos das coberturas, e ainda das caixilharias em madeira, ferro e vidro.
Testemunhos, materiais e imateriais, das tecnologias construtivas das diferentes fases do edifício, os revestimentos revelam diferentes gostos e expressões polícromas arquitetónicas. Exemplo disso são os azulejos das cúpulas douradas do Palácio da Pena, que foram produzidos pela conhecida Fábrica Roseira, ativa durante o século XIX, responsável também pelos revestimentos das fachadas - padrão neomourisco -, da Sala de Jantar e da Casa de Banho do Veador.
No interior do Palácio, as ações de conservação incidirão na pintura decorativa da Escada das Cabaças e no revestimento em estuque e restantes elementos da Sala da Entrada, espaços muito utilizados na época em que o Palácio da Pena era habitado por membros da Família Real, que ali promovia algumas grandes receções. Nessas ocasiões, os convidados entravam pela Porta das Cabaças, localizada no túnel por baixo do Tritão, no lado esquerdo, e, subindo uma escadaria em caracol, a Escada das Cabaças, acediam às salas de convívio e de entretenimento da zona pública do Palácio: o Salão Nobre, então designado Sala do Bilhar, e a Sala de Fumo, situadas de cada lado da Sala de Entrada.
A Escada das Cabaças apresenta um revestimento decorativo de gosto vegetalista, rematado por molduras e outros elementos decorativos arquitetónicos em trompe l’oeil, executado com técnicas de pintura a cal a seco. No seu topo encontra-se a Sala de Entrada, divisão finalizada em 1859, com a aplicação de decoração em pintura, estuque de padrão de cestaria e emolduramentos em pedra calcária, nas portas e nos nichos. O pavimento em lioz creme e encarnadão, de padrão axadrezado, também faz parte da decoração original.
Nos elementos decorativos destas divisões identificaram-se depósitos superficiais; eflorescências salinas; desagregação das argamassas e do estuque; lacunas pontuais; e placas em vias de destacamento; pelo que estão previstos trabalhos de limpeza cuidada, colmatação de lacunas, injeções de argamassas e reintegração cromática final, com vista a melhorar a leitura dos espaços e a salvaguardar a autenticidade e a memória histórica do Palácio Nacional da Pena.
Após a conclusão dos trabalhos de conservação e restauro que estão planeados, a Sala de Entrada receberá uma nova museologia, integrada no projeto de reconstituição histórica dos ambientes domésticos do Palácio da Pena.