Qual a ligação entre a Sexta-feira Santa e o Convento dos Capuchos?
20 mar. 2024
Na Sexta-feira Santa recorda-se a sequência de episódios da vida de Jesus Cristo, designada Paixão de Cristo, desde a última ceia até à sua morte na cruz. O termo “Paixão” provém do latim “passio”, que significa “sofrimento”, em alusão ao martírio de Cristo, de acordo com os evangelhos de Marcos, Lucas, Mateus e João.
Tratando-se de um episódio que define os princípios dos rituais do Cristianismo e sendo os frades que habitavam o Convento dos Capuchos seguidores dos ensinamentos de São Francisco de Assis, que estabeleceu como regra fundamental da sua vida a emulação rigorosa da vida e dos ensinamentos de Cristo, a Paixão não podia deixar de estar representada na linguagem simbólica dos elementos decorativos deste convento.
No Alpendre de entrada vê-se, na cruz de madeira fixada na parede de fundo, um homem crucificado envergando o hábito franciscano, castanho, de capucho pontiagudo, cujo cordão na cintura tem três nós que simbolizam os votos que os frades franciscanos professavam: o de pobreza, o de obediência e o de castidade. Representa São Francisco de Assis, precursor da ordem franciscana, também conhecido como "Alter Christus", ou o "Outro Cristo". Na pintura distinguem-se, ainda, três outros atributos: o crucificado tem uma venda nos olhos, um cadeado na boca e uma cruz desenhada sobre o coração, indicando que no interior deste convento se vivia em introspeção e dedicação aos ensinamentos de Cristo.
À direita da cruz, encontra-se a Capela da Paixão de Cristo, decorada com azulejos azuis e brancos característicos do século XVIII. Neles é possível observar representações alusivas a este episódio da vida de Jesus Cristo e aos objetos que nele tiveram um papel relevante, como o flagelo, a coroa de espinhos, a lança e os cravos utlizados na crucificação, conhecidos como “os instrumentos da Paixão”.
De uma beleza singela e repleto de linguagem simbólica que convida à interpretação, o Convento dos Capuchos desperta em todos a introspeção e contemplação da floresta que o rodeia. A Páscoa é a altura perfeita para o visitar.