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Quem é o homem por detrás da criação do Palácio de Monserrate?

26 jan. 2023

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O Palácio de Monserrate parece um edifício saído de um filme. Ninguém fica indiferente à fachada imponente e às três cúpulas vermelhas que sobressaem no meio da encosta norte da Serra de Sintra. Mas quem foi o homem que imaginou este cenário idílico?

 

O seu nome era Francis Cook. Nasceu a 23 de janeiro de 1817 em Londres. O seu pai era o dono de uma das maiores firmas de fabrico de tecidos e roupas no Reino Unido. Foi nesta empresa que Francis começou a sua carreira como comerciante. Em 1869, era já o terceiro homem mais rico do Reino Unido.

 

Cook usou o dinheiro que acumulou ao longo de décadas para comprar peças únicas, criando uma coleção de arte riquíssima. Além disso, o empresário inglês quis investir parte da sua fortuna no seu refúgio em Portugal. Monserrate foi a propriedade escolhida.

 

A história deste monumento começou em 1540, altura em que Frei Gaspar Preto aqui mandou edificar uma ermida dedicada a Nossa Senhora de Monserrate. A propriedade estava, à época, nas mãos do Hospital de Todos os Santos, de que Frei Gaspar era reitor, passando depois, no século XVII, para a família Mello e Castro. O terramoto de Lisboa, em 1755, devastou o local, mas, mesmo assim, a propriedade é arrendada a Gerard de Visme, um comerciante inglês que mandou ali construir um castelo ao estilo neogótico. Pouco tempo depois, o escritor William Beckford torna-se o novo arrendatário de Monserrate. O local acaba por ser votado ao abandono, mas continua a atrair a atenção de muitas figuras conhecidas, como Lord Byron, que expressou o seu amor a Monserrate no poema "Childe Harold's Pilgrimage".

 

É, então, em 1846, que Francis Cook decide adquirir esta propriedade cheia de histórias para contar e construir o seu pequeno refúgio. Aproveitando a planta do edifício original, manda construir um palácio muito diferente do que já existia em Portugal. As suas influências góticas, indianas e mouriscas e os motivos exóticos e vegetalistas fazem deste palácio um monumento único, envolvido por um jardim botânico que nos faz viajar no tempo e no espaço – o Parque de Monserrate recebeu espécies vindas de todo o mundo, que foram organizadas por áreas geográficas. Era aqui que a família Cook passava férias e organizava grandes festas. Nas populações em redor da propriedade, “o visconde”, como era conhecido por ter recebido o título de Visconde de Monserrate, era visto como um homem bom, que empregava os moradores da aldeia de Galamares e arredores, cedendo-lhes terras para prosperarem.

 

Francis Cook morreu a 17 de fevereiro de 1901, em Londres. O Governo português adquiriu a propriedade e o palácio em 1949 e, uns anos mais tarde, o Parque e Palácio de Monserrate foram classificados como Imóvel de Interesse Público. Integram a Paisagem Cultural de Sintra, classificada pela UNESCO como Património Mundial da Humanidade em 1995.