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Ferreira de Castro, o escritor que quis ser sepultado na Serra de Sintra

24 mai. 2023

Os amantes de caminhadas costumam recorrer aos inúmeros percursos pedestres para visitar os monumentos de Sintra. Todos os anos, milhares de pessoas utilizam o percurso de Santa Maria para subirem do centro histórico ao Castelo dos Mouros. O que a grande maioria não sabe é que, pelo caminho, irá passar pela sepultura de um dos maiores escritores portugueses do século XX.

 

José Maria Ferreira de Castro nasceu a 24 de maio de 1898 no concelho de Oliveira de Azeméis, emigrou sozinho para o Brasil quando era ainda uma criança, mas foi em Sintra que passou grande parte da sua vida e se inspirou para escrever muitas das suas obras. Livros como ‘Emigrantes’, ‘A Selva’, ‘Eternidade’, ‘Terra Fria’ e ‘A Lã e a Neve’ levaram a que fosse reconhecido nacional e internacionalmente, chegando mesmo a ser candidato ao Prémio Nobel por duas vezes.

 

Ferreira de Castro escreveu grande parte da sua obra em Sintra, hospedado no Hotel Netto. Passava muitas horas no Café Paris, a refletir e a escrever. Era em Sintra que se sentia bem, no meio da natureza – tópico recorrente na sua obra. Por isso, não é de espantar que tenha oferecido a Sintra o seu espólio, com mais de 20 mil documentos de correspondência e muitos outros manuscritos (espólio esse que pode ser visto precisamente no Museu Ferreira de Castro, no centro histórico de Sintra).

Ferreira De Castro Ilustração (1Nov1933)Colagem

Mas o escritor não queria que a sua ligação a Sintra terminasse aqui. O seu amor por esta terra levou-o mesmo a fazer um pedido peculiar às autoridades portuguesas: queria ficar para sempre ligado de corpo e alma ao sítio que tanto o inspirou.

 

"Desejaria ficar sepultado à beira de uma dessas poéticas veredas que dão acesso ao Castelo dos Mouros sob as velhas árvores românticas que ali residem e tantas vezes contemplei com esta ideia no meu espírito. / Ficar perto dos homens, meus irmãos, e mais próximo da Lua e das estrelas, minhas amigas, tendo em frente a terra verde e o mar a perder de vista – o mar e a terra que tanto amei”, lê-se no pedido feito, em 1970.

 

Ferreira de Castro morreu a 29 de junho de 1974. O seu pedido foi respeitado – o escritor repousa na Serra de Sintra, sob um banco talhado na rocha. A vereda onde se encontra, no caminho para o Castelo dos Mouros, tem uma das vistas mais bonitas para Sintra.

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