O Paço de Sintra: descontinuidades e permanências arquitetónicas num monumento de longa história
Imagine que recebe como herança uma casa antiga de um antepassado. Quer habitá-la, mas as divisões e as características de cada espaço não se adequam às necessidades contemporâneas. O que fará? Irá derrubar/erguer paredes para ter novos espaços? Mudará a cozinha e a casa de banho? Fechará aquela varanda transformando-a numa marquise?
Se a adaptação de uma casa comum pode ser assim, num Palácio as alterações eram mais exigentes de modo a cumprir todas as necessidades da família real, que vinha acompanhada da corte, composta de juízes, oficiais, damas, camareiros, mais um rol de pessoas. Era assim necessário criar um “labirinto” de espaços, preparado para várias funções, respeitando hierarquias, e apto para as diferentes áreas da governação do reino.
Estas foram, possivelmente, algumas das questões que os habitantes régios do Paço de Sintra tiveram de colocar ao longo dos séculos. Sabemos que as formas de habitar dos séculos XV e XVI não são as mesmas que ditaram a arquitetura dos palácios construídos nos séculos XVIII e XIX. No entanto, ainda é possível perceber como as diferentes vivências contribuíram para as descontinuidades e permanências arquitetónicas num palácio com mil anos de história.
Com esta visita pretende-se dar a conhecer diferentes camadas históricas e como o Palácio era habitado em algumas épocas, percebendo como a arquitetura condiciona as vivências e carrega simbolismos, guiando o olhar dos participantes a perceber como o património imóvel, enquanto lugar de memória, é modificado pelo património vivo – nós. E no futuro? Que lugar ocuparão os palácios na nossa cultura?