Marta Menezes no Ciclo de Piano nos Palácios de Sintra
Com uma sólida carreira, Marta Menezes tem procurado dar a conhecer, tanto em Portugal como no estrangeiro, o reportório português para piano. Este recital é prova desse desígnio, agora ampliado para um contexto ibérico. Nele, destacam-se duas sonatas, de Antonio Soler e Carlos Seixas, dois dos mais emblemáticos compositores ibéricos para instrumentos de tecla do século XVIII, passando pela maior obra para piano solo de Viana da Mota, a Balada Op.16, e a raramente ouvida Sonata de Artur Santos. A concluir o recital, antes de verdadeiramente se lançar em duas peças do grande ciclo Goyescas de Enrique Granados e de El Pelele (Cena goyesca), duas muito contrastantes Canciones y danzas de Frederico Mompou.
Programa
Antonio Soler (1729-1783)
- Sonata em Dó menor, R. 103
Carlos Seixas (1704-1742)
- Sonata nº 10 em Dó Maior ( Allegro; II. [Tempo di Minuetto])
Artur Santos (1914-1987)
- Sonata em Mi bemol Maior ( Allegro con brio; II. Lento e con dolore; III. Scherzo: Allegro - sobre o canto do cuco; IV. Allegro vivace)
José Viana da Mota (1868-1948)
- Balada sobre duas melodias portuguesas, op. 16
INTERVALO
Federico Mompou (1893-1987)
- Canción y danza nº 1
- Canción y danza nº 7
Enrique Granados (1867-1916)
- Los requiebros (de Goyescas)
- Quejas o la maja y el ruiseñor (de Goyescas)
- El Pelele
Biografia
Marta Menezes é uma das pianistas portuguesas mais destacadas da sua geração. Os seus recitais exploram o diálogo entre tradição e originalidade, através de propostas que realçam a nuance, a subtileza e a sensibilidade musical características da sua interpretação. O repertório cuidadosamente escolhido, que evidencia uma afinidade com Beethoven, vai do barroco à atualidade, e integra com frequência obras de compositores menos conhecidos, muitos deles portugueses.
Das suas colaborações recentes, destacam-se os concertos com a Orquestra Metropolitana de Lisboa, a Orquestra Nacional de Espanha, a Orquesta de València, a Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música, a Orquestra Filarmonia das Beiras, a Orquestra Sinfonietta de Lisboa e a Orquestra Sem Fronteiras. Trabalhou com maestros como Pedro Neves, Nuno Coelho, Jaime Martín, Karel Mark Chichon, Pedro Amaral, Jan Wierzba, Rui Pinheiro e Martim Sousa Tavares. Em recital, tem-se apresentado em auditórios e festivais por todo o mundo, como o National Centre for the Performing Arts (Pequim), o St. Martin-in-the-Fields (Londres), o Festiwal Urodzinowy Fryderyka Chopina (Varsóvia), o Auditório do Palau de les Arts (Valência) e o Centro Cultural de Belém (Lisboa).
Marta tem um papel ativo na divulgação da música portuguesa, através da programação deste repertório nos seus concertos e da encomenda e estreia de obras de compositores contemporâneos. Dos projetos que criou recentemente, destaca-se "5 Encores para Beethoven" (2020), no qual apresentou os 5 Concertos para Piano do compositor e fez a estreia absoluta de 5 encores aos Concertos, encomendados a compositores da sua geração. Na passada temporada, fez a estreia mundial do Concerto para Piano de Tiago Derriça, que lhe é dedicado.
Marta fez a licenciatura e mestrado em piano na Escola Superior de Música de Lisboa com Miguel Henriques, tendo também trabalhado com Jorge Moyano. Terminou o seu Mestrado com classificação máxima. Prosseguiu os seus estudos em Londres, no Royal College of Music, com Andrew Ball e Dmitri Alexeev, e, mais tarde, nos Estados Unidos, com Arnaldo Cohen. É doutorada pela Universidade de Indiana – Jacobs School of Music.
Ao longo do seu percurso, ganhou vários prémios e distinções, dos quais se destacam o 1º lugar no Concurso Beethoven no Royal College of Music e no Concurso Internacional de Piano de Nice Côte D'Azur, a Medalha de Prata de Valor e Distinção pelo seu percurso enquanto pianista, atribuída pelo Instituto Politécnico de Lisboa, e a Medalha de Prata nos Global Music Awards (Estados Unidos) pelo seu CD com obras de Beethoven e Lopes-Graça, nas categorias de Piano Clássico e Artista Emergente.
Marta Menezes reside atualmente em Madrid.