Na Real Quinta de Queluz com Alexandra Curvelo: Da China para Portugal, do convento para o palácio: os dois biombos chineses de Queluz
São paisagens chinesas douradas sobre fundo vermelho. Vêem-se figuras chinesas e europeias (portugueses?), representadas em jeito de banda desenhada. Estão a pé e a cavalo, com lanças e armas de fogo, em caçadas ao leopardo e ao gamo. Arbustos com flores e diversos animais, fénix, gamos, tigres, pássaros, completam o conjunto.
Qual o significado destas figuras que decoram o par de biombos chineses, originários de Macau e que se expõem no Palácio Nacional de Queluz? Os biombos, peças de mobiliário apreciadas pelas suas qualidades decorativas e funcionais, mantiveram a popularidade bem até ao século XIX. Estes dois de Queluz são um exemplo raro de um par de biombos com dobradiças, de Charão, isto é, de laca oriental, produzida com a secreção de várias árvores e cuja aplicação no mobiliário exige uma técnica sofisticada.
A investigadora Alexandra Curvelo, uma das maiores peritas europeias em arte oriental, irá conduzir-nos nesta viagem em torno do par de biombos chineses, explicando-nos o contexto da sua produção e decifrando as histórias subjacentes que neles se podem ler. Será um encontro na Real Quinta de Queluz, no cruzamento entre o Oriente e o Ocidente.
Sobre o programa
O ciclo de palestras 'Encontros nos Palácio Nacionais' traz ao Palácio Nacional de Sintra e ao Palácio Nacional de Queluz alguns dos maiores especialistas em áreas como História, Museologia, Arquitetura, Ciência e Arte. Trata-se de uma oportunidade de o grande público ver respondidas questões desafiantes e ter contacto com quem mais sabe sobre temas relacionados com os Palácios, Sintra e a sua História.
Cada 'Encontro' termina com um Colares de Honra após a palestra, para convívio e discussão informal de ideias e de experiências.
- Duração: Palestra: 60-75 minutos / Colares de Honra: 45-60 minutos
Sobre a oradora
Alexandra Curvelo é Professora Associada do Departamento de História da Arte da NOVA-FCSH, Coordenadora do Mestrado em Museologia e Membro da Direção do Instituto de História da Arte (NOVA FCSH), tendo-se doutorado em História da Arte com uma tese sobre "A Arte Namban e a sua circulação entre a Ásia e a América: Japão, China e Nova-Espanha (c.1550-c.1700)".
Trabalhou na área dos Museus e da Conservação entre 1996 e 2014, integrando as equipas do Museu Nacional de Arte Antiga, Instituto Português de Conservação e Restauro, Instituto dos Museus e da Conservação e Museu Nacional do Azulejo. Comissariou várias exposições, de que se destacam Uma História de Assombro. Portugal-Japão, séculos XVI-XX (Galeria do Rei D. Luís, Lisboa 2018-2019); Portugal, Jesuits and Japan: Spiritual Beliefs and Earthly Goods (McMullen Museum of Art, Boston, 2013), e Encomendas Namban. Os Portugueses no Japão da Idade Moderna (Lisboa, Museu do Oriente, 2010-2011).
A sua investigação centra-se na presença portuguesa na Ásia nos séculos XVI e XVII e nos fenómenos culturais e artísticos daí resultantes, com especial incidência no Japão, tendo diversos trabalhos publicados. Foi Investigadora Principal do Projeto financiado pela FCT "Interacções entre Rivais: a Missão Cristã e as Seitas budistas no Japão durante a presença Portuguesa (c.1549-c.1647)".