Igreja
Assemelha-se a uma gruta, evocando a lenda da fundação do convento, segundo a qual o Rei D. João III caçava nestas serranias num dia quente de verão e, sofrendo de cansaço provocado pela agitação da caça e pelo calor, procurou o abrigo sombrio de uma grande rocha de granito sob a qual acabou por adormecer. Reza a lenda que, enquanto dormia, o Rei sonhou com anjos que adoravam a Santa Cruz na concavidade da lapa sob a qual descansava e, ao acordar, ordenou para esse local a fundação de um convento consagrado à Santa Cruz, com a qual havia sonhado, a ser entregue à ordem Franciscana. D. João de Castro, Vice-Rei da Índia e proprietário dessas terras, não pôde concretizar essa tarefa em vida e confiou-a a seu filho, D. Álvaro de Castro.
Aqui eram celebradas missas em que a congregação se reunia na área da Igreja entre a porta de entrada e a teia de altar. Esta balaustrada de madeira separava o profano do sagrado, estando a zona do altar reservada apenas para os frades. A única parte do interior do convento que era visível para os peregrinos era, assim, o altar cuja magnificência impressionava pelo trabalho do frontal, em mármore com uma notável policromia de embutidos em pedra. A beleza do altar era testemunho do poder e da riqueza dos patronos desta casa, cuja identidade podia ser reconhecida na lápide evocativa da fundação do convento. Mas, para lá da balaustrada, onde apenas os frades podiam circular, impera a austeridade e a simplicidade.