História do Chalet da Condessa d'Edla
Elise Hensler nasceu na Suíça, em 1836, e viveu largos anos em Boston, nos Estados Unidos da América. Era uma mulher com grande cultura e profunda paixão pelo mundo das artes e das letras, que veio a tornar-se cantora de ópera. Após ter estudado em Paris e atuado em Milão, Elise visitou os palcos portugueses, passando pelo Teatro Nacional de São João, no Porto e, depois, no Teatro Nacional de São Carlos, em Lisboa. Foi neste último palco que o rei D. Fernando II a conheceu e se apaixonou por ela.
Em 1869, já com D. Luís I no trono, D. Fernando II e Elise casam-se, unidos pelo amor à arte e à cultura. O enlace ocorreu depois de D. Fernando ter pedido ao seu primo, o Duque Ernesto II de Saxe-Coburgo e Gotha, um título para a sua futura mulher: o de Condessa d’Edla. As opiniões sobre a realização do casamento, quer por parte da nobreza quer da imprensa, foram bastante divididas, nunca tendo sido realmente aceite pelo público.
O casal utilizava Sintra, mais concretamente o Parque e o Palácio da Pena, propriedade de D. Fernando II, como o seu refúgio. Ambos apaixonados pela botânica, intensificaram as plantações no parque, incluindo neste jardim romântico espécies provenientes de várias partes do mundo.
Num dos recantos do parque, o casal começou a construção de um chalet que a própria condessa desenhou e projetou. Tanto o chalet como o jardim em seu redor são de extrema sensibilidade romântica e caráter privado. Estrategicamente situado a poente do Palácio da Pena, o edifício é inspirado nos chalets alpinos, num estilo então muito em voga na Europa. O chalet apresenta uma envolvente cenográfica, que reflete as facetas artísticas do casal. De um gosto singular, a sua fachada e os seus interiores são inigualáveis. No exterior, o jardim que envolve o chalet oferece uma paisagem exótica em que se destacam a Feteira da Condessa, o Jardim da Joina, o Caramanchão e o labirinto de Pedras do Chalet.
Aquando da morte de D. Fernando, em 1885, o rei deixa em testamento todos os seus bens, incluindo o Castelo dos Mouros e o Palácio da Pena, à Condessa d’Edla. Após um processo judicial – que tinha como objetivo que este património passasse para a Coroa portuguesa –, Elise acabou por vender o Parque e Palácio da Pena e o Castelo dos Mouros ao Estado, ficando com usufruto do chalet e do respetivo jardim até 1904.
Em 1999, o Chalet da Condessa d'Edla foi consumido por um incêndio, tendo reaberto ao público em 2011, depois de quatro anos de obras de recuperação em que a Parques de Sintra levou a cabo a reconstrução deste edifício de grande valor cultural, histórico e artístico. O projeto foi distinguido em 2013 com o Prémio União Europeia para o Património Cultural – Europa Nostra, na categoria de Conservação.