Conservação e restauro do património integrado e móvel
Teia de Altar - A teia foi produzida em madeira de Pau-Santo (Kielmeyera speciosa) - uma madeira exótica, proveniente de mata atlântica, muito provavelmente do Brasil, classificada como muito densa, com excelentes propriedades mecânicas, estéticas e com excelentes propriedades plásticas para o mobiliário e entalhe fino.
Cruz do Alpendre - A cruz foi executada em pinho, aparentemente um pinho nacional de grandes dimensões, uma madeira resinosa. A peça foi executada manualmente, o que pode ser verificado pela existência de marcas de plainas manuais, bastante visíveis quando a peça é observada com luz rasante, bem como facilmente confirmáveis pelas dimensões variáveis quer no que diz respeito tanto à largura como à espessura, com uma variação que chega em alguns casos a 8mm.
O elemento em madeira vertical apresenta maior espessura que o elemento horizontal. O encaixe foi executado à meia madeira, com ligação seca, sendo os seus cantos biseladas.
Os embrechados que circundam a cruz aparentam ter sido colocados após a fixação da peça no local, já que a delimitam na perfeição.
Sobre a madeira de suporte existe uma camada polícroma, tendo sido identificado o óleo como ligante.
Ao nível da policromia, verifica-se a existência de uma tonalidade generalizada de cor castanha-escura, enquanto coloração de fundo e, sobre esta, a restante policromia que compõe a imagem.
As análises efetuadas permitiram concluir que, no hábito do frade, existe uma única camada de coloração castanha mais clara, aplicada sobre o castanho-escuro da cruz, e que a corda do hábito é amarela. Na base da cruz, onde se encontram representados os pés, existe uma policromia azul com a inscrição TYPUS a branco. A coloração azul é composta por azul da Prússia, um pigmento que apenas começou a ser produzido no início do séc. XVIII (c. 1710), tendo começado a ser comercializado e utilizado mais frequentemente nas décadas seguintes do mesmo século.
Importa igualmente indicar que a carnação do frade é constituída por calcite e vermelhão, uma mistura incomum na representação de carnações, que habitualmente são constituídas por branco de chumbo e um pigmento vermelho.
Após a execução de fotografias de infravermelhos, bem como através dos resultados analíticos, verificou-se a inexistência de desenho subjacente.