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Concerto ConVento

O Quinteto ConVento apresenta-se em concerto nas formações de Trio, Quarteto e Quarteto com Piano.

Luigi Picchianti (1786-1864) - Trio em Fá Maior

Compositor algo desconhecido nos nossos dias, Luigi Picchianti foi um importante compositor, autor e pedagogo no âmbito da guitarra, a viver em Florença. Foi professor de guitarra, composição e história e estética musical na Academia de Belas Artes de Florença e, já mais tarde, no Instituto Musical Régio, que viria a tornar-se o Conservatório Cherubini. Entre as suas obras pedagógicas mais importantes, destaca-se ’Principi generali e racionali dela musica teorico-pratica’, método datado de 1834 e ‘Notizie della vita e delle opere di Luigi Cherubini’ de 1843.

 

Compôs essencialmente obras para guitarra, nomeadamente, uma grande sonata, prelúdios, estudos e árias populares com acompanhamento de guitarra. Deste Trio em Fá Maior, as referências são quase inexistentes, sabe-se apenas que foi editado em c. 1826, em Leipzig.

 

(Fontes: Enciplopédia Espasa; Luigi Picchianti, International Music Score Library Project - IMSLP)

Louis-Emmanuel Jadin (1768-1853) - Nocturne Concertante nº 3, em Sol menor

Pianista, professor e compositor, filho do também compositor Jean B. Jadin, recebeu as primeiras aulas de música e violino do seu pai, que era membro da Capela Real em Versalhes. Depois de ser 'page de la musique’ de Luís XVI, frequentou a “Maîtrise” da Capela Real e estudou piano com o seu irmão Hyacinthe. As suas composições vocais e instrumentais foram apresentadas no "Concert Spirituel" em 1788 e, em 1789, voltou a apresentar-se, desta vez como pianista. Quando o Théatre de Monsieur (mais tarde, Théatre Feydeau) foi fundado, em 1789, Jadin assegurou o posto de segundo cravista, tornando-se mais tarde chefe acompanhador em 1791. Neste mesmo ano, o seu irmão Hyacinthe juntou-se como segundo acompanhador. Em 1792, Jadin ingressou o corpo da Guarda Nacional, formação dirigida por Bernard Sarrette, que se encontrava a fornecer música para os festivais da Revolução. Sobreviveram até aos nossos dias algumas peças republicanas que Jadin compôs nesta altura, nomeadamente, um grupo de canções de 1794, em que se inclui um hino a Rousseau, que cita a sua famosa 'melodia de três notas'. Jadin foi professor de solfejo no Conservatório de Paris entre 1796 e 1798, a que regressou mais tarde, em 1802, para orientar aulas de canto, e, a partir de 1804, aulas de piano, sucedendo a L. G. J. Gödert. Retirou-se do conservatório em 1816.

 

A carreira de Jadin como compositor para teatro floresceu por volta de 1790 (enquanto acompanhador no Théatre de Monsieur), quando o teatro se tornou um direito comum em França. As suas comédias exploravam a musicalidade italiana da altura, nomeadamente, a textura leve da composição. No seu repertório, é também digno de nota a sua exploração da canção francesa com 'La mort de Werther', de 1796, correspondendo ao gosto pelo romantismo melancólico que versava na altura. As suas sonatas para violino e piano cativaram o gosto dos músicos da altura e mereceram uma apreciação da publicação alemã 'Allgemeine musikalische Zeitung', em 1815, em que foram descritas como brilhantes, agradáveis e belos exemplos da escola francesa. Depois da revolução dos Bourbon, em 1814, tornou-se "gouverneur des Pages" da Capela Real. Provavelmente, as suas composições foram tocadas em alguns serviços nesta fase. Depois da dissolução da capela, aquando da Revolução de 1830, Jadin obteve a sua pensão e retirou-se para o campo. Foi armado cavaleiro da Legião de Honra em 1824.

 

O Nocturne nº 3, em Sol menor, hoje apresentado, tem como suposta data de composição 1806, mas foi editado apenas em c. 1818 como '3 Nocturnes ou Quatours Concertantes', dedicado aos Irmãos Baërmann, clarinetistas virtuosos e "artistes de la musique particulière de S. M. le Roi de la Bavière", como aparece na capa da edição.

 

(Fontes: The New Grove Dictionary of Music and Musicians; Louis-Emmanuel Jadin, International Musical Score Library Project - IMSLP)

João Domingos Bomtempo (1775-1842) - Serenata Mi b en Quintetto pour Fortepiano, Flute, Clarinette, Basson et Cor

João Domingos Bomtempo nasceu em Lisboa e iniciou os seus estudos musicais com seu pai, italiano, oboísta e membro da orquestra da Real Câmara de D. José I, lugar que, após o falecimento de seu pai, João viria a assumir, com 20 anos. Muito viajado pela Europa, parte primeiro para Paris, onde aprofundou os seus estudos de piano. Mais tarde, devido às invasões napoleónicas, em cerca de 1810, partiu para Londres, onde ganhou notoriedade como pianista, compositor e professor. Este período, até 1814, foi muito rico na sua produção musical. O reconhecimento da sua mestria e arte foi concretizado quando, em 1813, se tornou um dos primeiros 25 membros da Sociedade Filarmónica de Londres. Em 1820, inspirado pelo movimento liberal em Portugal, movimento que apoiava, criou diversas obras evocativas desse período, nas quais se inclui esta Serenata. Também neste período, Bomtempo tenta recriar em Portugal o ambiente musical que vivenciou pela Europa e o gosto crescente pela música instrumental, criando, em 1822, a Sociedade Filarmónica de concertos segundo o modelo londrino.

 

Em relação à obra que se apresenta hoje, 'Serenata para Sopros e Piano', é uma obra para piano e conjunto de sopros que não obedece à forma mais tradicional, com cordas. Conhecem-se mais duas versões, ambas manuscritas, sendo uma delas em quinteto para cordas com piano e a outra em septeto, também para cordas e com piano, mas da qual se conhece apenas a parte para piano. O seu estilo é marcadamente clássico vienense, situado entre Mozart e Beethoven, e bastante virtuosístico, particularmente no caso do piano, transparecendo desta forma também o virtuosismo do compositor. Uma das suas principais particularidades é o facto de o seu último andamento, um tema com variações, utilizar como tema o Hino Constitucional de D. Pedro, celebrizado mais tarde como Hino da Carta. Este hino terá sido composto em finais de março de 1821 e tornou-se rapidamente conhecido, tanto em Lisboa como no Porto, facto que ajuda a situar a data de composição desta Serenata depois desta data. Com efeito, a mais antiga publicação do texto deste hino em Portugal remonta a 1821, onde é identificado como 'Hymno Patriótico'. A data atribuída à composição desta Serenata é, assim, 1821/22.

 

(Fonte: Serenata para Sopros e Piano, Ava Musical Editions, 2009)